Cultura do “faça por si mesmo” facilita a criação de produtos e populariza a tecnologia
Por Matheus Rodrigo
Sala repleta de alunos. Apresentação discutindo “gameficação”. Slide ligado, computadores abertos e celular na mão. Dorival brinca: “Você deve estar impressionado né? Tudo muito tecnológico”. Ele continua “É tudo assim agora, eu mesmo organizei um evento maker aqui na cidade sem marcar uma reunião presencial” .
O docente do curso de Design na Unesp- Bauru e coordenador do projeto maker “Sagui Lab”, Dorival Rossi, explica que a popularização da cultura maker só passou a existir após o avanço tecnológico. “Na era digital, tanto o movimento de ‘design aberto’ como o de produções criativas prezam pelo acesso à informação e pela participação do público na produção de conteúdo. E ambos os movimentos são base para a cultura maker existir”.
O movimento maker é recente. Apesar do termo “botar a mão na massa” não ser considerado inovador, a utilização de softwares de design para projetar ideias, o uso de impressoras 3D e de robótica para tornar projetos realidade pode ser considerado. É o que aponta a influente obra do movimento, o livro “Makers” de Chris Anderson (2012), que enaltece o poder dos consumidores criarem produtos- de um chinelo a óculos de realidade virtual – sem vínculo industrial.
Para produzir ideias, foram criados espaços coletivos em formato de laboratórios que reúnem criadores para compartilharem seus conhecimentos e experiências e construírem projetos juntos. Esses espaços são conhecidos como “Fab Lab” e estão espalhados por países do mundo todo. Hoje já são mais de 550, com 22 deles no Brasil.
Sagui Lab e o espiríto “maker” de colaboração
Bauru é uma das poucas cidades que não são metrópoles que contêm laboratórios de fabricação. São eles: Aeon Fab Lab, criada por ex-alunos da Unesp sem vínculo institucional e o Sagui Fab Lab, formada por alunos da Unesp e com o foco voltado para comunidade.
O Sagui Lab é um projeto de extensão e laboratório de fabricação da Unesp criado em 2013 na Unesp- Bauru. Coordenado pelo docente da Unesp Dorival Rossi, o fab lab é o primeiro do tipo presente no interior do Estado de São Paulo. O projeto tem por volta de 20 alunos, todos eles desenvolvendo projetos “makers”.
O “maker space” foi fundado por alunos de Design que se interessaram pelas teorias do movimento maker e do “faça por si mesmo” . Dorival explica que as teorias são pautadas na disciplina “Linguagens Contemporâneas” oferecida ao curso de Design e que as ideias têm sido aceitas pelos alunos: “Eles adoram!”.
Dorival entretanto salienta a importância de alunos de todas as áreas participarem do Sagui Lab e informa que o projeto é aberto para todos os públicos e não contém processo seletivo. “Tem algumas informações e conhecimentos de engenharia, de mecânica- que nós de design não temos. Então, é bacana essa troca”.
O projeto tem como matéria prima a tecnologia. São utilizadas plataformas online (Wiki, Github), que servem para organizar os projetos desenvolvidos pelos alunos assim como ferramentas físicas como impressoras 3D, que são obtidas por meio de editais públicos da Unesp ou de parcerias com outros laboratórios (Garagem Lab, AEON Fab Lab).
O participante do Sagui Lab e aluno de Design, Guilherme Contini, conta que todos os alunos do projeto podem visitar a estrutura do laboratório assim que desejarem e salienta o espírito coletivo do projeto para atrair ainda mais participantes. “Aqui todo mundo se ajuda, é muito bacana o maior número de pessoas pela quantidade de experiências e para todo mundo colaborar”.
Revisão da matéria: João Guilherme D’Arcadia