Saiba porque o brasileiro tem a fama de ser um povo criativo
Por Nathália Sousa
O povo brasileiro é criativo e faz coisas revolucionárias, muitas vezes, a partir de uma simples ideia e com materiais acessíveis. É a forma de “dar um jeito” para resolver algum problema. Muitos inventos que conhecemos hoje, foram feitos por brasileiros, assim como ações que visam uma melhora de vida em sociedade.
Por exemplo, o brasileiro Santos Dumont criou um dos inventos mais famosos do mundo, o avião. Mas, pouco se sabe que no Brasil já foi criada uma série de produtos, muitos deles sem o devido reconhecimento. Acabando por ter criações semelhantes no mundo, principalmente Japão e Estados Unidos, que “tomaram” os créditos do que já era patrimônio brasileiro.
O avião foi criado por um brasileiro e representa um dos maiores inventos mundiais/ Crédito: Reprodução
O site Nexo fez um teste para sabermos quais produtos são nosso patrimônio e a lista surpreende: identificador de chamadas, urna eletrônica, walkman, câmbio automático, orelhão, soro contra veneno de cobra, Instagram, escorredor de arroz, além, é claro, das de Santos Dumont. É surpreendente ver que no Brasil a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias não recebe o incentivo adequado, mas mesmo assim são criados recursos e ferramentas inovadoras.
Nesse sentido, a Associação Nacional de Inventores (ANI) reafirma a ideia de que o povo brasileiro é muito criativo. De acordo com a Associação “Tem muita gente que acaba inventando algo diferente devido à crise ou até mesmo por querer buscar novas oportunidades de trabalho, acabam criando algo diferenciado”.
Ainda, segundo a ANI, a tecnologia deu um impulso para as novas criações. A Associação diz ainda que “o que não podemos deixar de levar em conta é que uma invenção também é uma startup!”. A invenção é um começo de algo e esse começo pode ser rentável se transformar em uma empresa. Mas, no Brasil, mesmo com todas essas ideias inovadoras, infelizmente, é muito difícil ser inventor.
O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), leva anos para analisar um pedido de patente e há “falta de apoio governamental”. Mas a Associação Nacional de Inventores garante que dá o suporte necessário aos inventores e sempre os incentiva, para não desistirem.
Inventos que transformam a sociedade
Tales Gomes é brasileiro, olhou a sociedade diferente e inovou com a Plataforma Saúde. Uma ferramenta tecnológica que monitora em minutos o que, em laboratório, levaria dias. “A empresa desenvolveu uma metodologia que combina o uso de hardware (equipamentos point-of-Care) para a realização de exames rápidos de glicemia capilar, colesterol e triglicerídeos, com um software que processa estes dados, os combina com um questionário de estilo de vida e gera um resultado que representa o grau de risco do desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e AVC”, argumenta.
Esse resultado é apresentado como um semáforo, com as cores verde, amarelo e vermelho, representando o grau de risco em que o paciente está. “É uma solução que faz muito sentido para comunidades ribeirinhas, vilarejos sem acesso a serviços de saúde básicos por conta da mobilidade e potencial capilaridade da solução”, explica Tales.
Além de ajudar também pacientes que não tem instrução para entender um exame, com o esquema de cores, um paciente analfabeto, por exemplo, pode saber como anda sua saúde, evitando burocracias e agilizando tratamentos. A Plataforma Saúde também oferece conteúdo educativo para a prevenção de doenças. “A gente acredita que é o indivíduo que precisa cuidar da saúde. Da doença cuidam os médicos”, reitera.
Por meio da tecnologia e do desenvolvimento digital, a equipe trabalha para que pessoas carentes encontrem soluções na saúde pública, com foco na prevenção de doenças como câncer, diabetes, problemas respiratórios e cardiovasculares/ Crédito: Reprodução
Esse projeto é financiado por organizações não governamentais (ONGs) e por instituições governamentais, o que significa que o paciente não paga pelo serviço. Para Tales, o lucro é uma engrenagem tradicional para a sustentabilidade financeira. A ideia inovadora rendeu reconhecimento “Recebemos prêmios do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento, da OEA, ONU, 3M, Consulado da Coreia do Sul, Governo Federal do Brasil, dos EUA e do Chile, MIT e da Forbes.”
Já o grupo alagoano, de Ronaldo Tenório, Carlos Wanderlan e Thadeu Luz, criou um aplicativo de tradução da fala vocalizada ou textual para a linguagem de sinais. Invenção que inova na sociedade e ajuda na acessibilidade. “O reconhecimento da solução como inovadora e acessível veio de várias partes do Brasil e do mundo. Foram dezenas de prêmios, dentre eles o de Melhor Aplicativo Social do Mundo em 2013, entregue pela ONU, no prêmio World Summit Mobile Award, em Abu-Dhabi. Na ocasião, a Hand Talk concorreu com cerca de 15.000 aplicativos de mais de 100 países. ”
O projeto foi idealizado por Ronaldo, em 2008, mas ficou parado durante 4 anos. Em 2012 Ronaldo retomou a ideia e, junto com Carlos e Thadeu, nasceu o personagem usado para interpretar as Libras, o Hugo. “Com mais de 1 milhão e meio de downloads, o aplicativo Hand Talk funciona como um tradutor de bolso”. Esses números são altos, mas tem potencial, já que o IBGE apontou, no censo de 2010, que haviam 9,7 milhões de surdos no Brasil, desses, a maioria tem dificuldade para entender a língua falada. Com a ajuda da tecnologia esse cenário pode mudar e o Hand Talk já mostra diferença na comunicação inclusiva.
Crédito: Reprodução
“A empresa tem grandes planos para o futuro, dentre eles, o de levar o Hugo para outras línguas e impactar milhões de pessoas que também precisam dessa solução em outras partes do mundo. Dado o tamanho da oportunidade e o crescente reconhecimento, esse futuro parece cada vez mais próximo”, explica Ronaldo.
Com essa em muitas outras iniciativas, a criatividade brasileira se mostra em alta, realizando o papel de ajudar a sociedade, inovar e ser referência mundial. O povo brasileiro hoje, usa a tecnologia a seu favor e continua a criar soluções que podem mudar o modo como vivemos e interagimos.
Revisão: Camila Gabrielle