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Moda sustentável aliada ao consumo consciente

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A moda adentra nas indústrias criativas ao inovar com o termo “moda sustentável” e potencializa suas habilidades por meio da reflexão ecológica

 

Por Vitoria Pereira

 

A moda é um conceito que está materializada no vestuário e se reinventa com o passar das gerações, adquire novos valores, influencia e opera na questão cultural ao ser praticada como um ato de manifestação de identidade. Por isso, é um costume que recebe diversos significados, cada um utiliza esse conceito para representar algo por meio da roupa.

No Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a moda mostrou sinais de recuperação no ano passado e de crescimento positivo. Entretanto, diante do atual cenário mundial, que se encontra com sérios problemas ambientais, a moda sustentável passa a ser inserida em uma perspectiva ecológica.

 

Infográfico sobre princípios sustentáveis na moda/ Arte: Canva/ Vitoria Pereira

 

Moda sustentável

O termo moda sustentável começa a ser desenvolvido para que haja uma conscientização do quanto é produzido, consumido e descartado de forma abundante. A design de moda Ana Paula Freitas explica que esse conceito é aplicado ao agregar “valores sociais de responsabilidade e bem-estar aos envolvidos na cadeia produtiva e impactando na geração de renda do entorno.”

Neste sentido, os brechós são uma ótima alternativa para vender roupas usadas e comprar com um preço acessível, por isso, aos poucos esse tipo de loja vai ganhando espaço no mundo ao transmitir uma mensagem de sustentabilidade.

 

Indústria/ economia criativa

A moda tem um ciclo de vida programado, já que a cada estação surgem novas tendências. Assim, é necessário ter criatividade para manter este tipo de indústria funcionando. Mas ao inserir a moda no nicho sustentável, a inovação surge na forma de como produzir peças de roupas que não prejudiquem o meio ambiente diante de um cenário fast fashion, no qual  grandes marcas produzem roupas de forma desenfreada e causam grande impactos ambientais.

De acordo com Ana Paula, essa situação demanda uma exploração da propriedade intelectual que busque alternativas econômicas e que sejam rentáveis ecologicamente.“A indústria da moda, como um todo, se trata de uma indústria criativa, onde o capital intelectual tem valor de troca, as práticas sustentáveis permeiam todas as etapas”.

 

Impactos ambientais e sociais

A criação de uma peça de roupa causa danos ambientais, praticamente, em na pré-produção (uso de químicos prejudicais no plantio), produção, distribuição, uso e descarte irregular (sendo que o tecido de algodão leva 10 a 20 anos para se decompor na natureza, sapato ou cinto de couro de 40 a 50 anos e o tecido sintético 100 a 300 anos). Isto demonstra uma cadeia produtiva que precisa inovar para obter um vestuário rentável e sustentável por meio da economia criativa como forma de renovar as etapas da indústria têxtil.

Na questão social, há denúncias sobre trabalho escravo em indústrias de marcas famosas que utilizam mão de obra barata e mal remunerada para produzir roupas em condições deploráveis.

+ Mulheres fazem ato na Riachuelo contra trabalho escravo e precarização

 

Fonte: a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), 2017/ Arte: Canva/Vitoria Pereira

 

Lojas brasileiras que praticam moda sustentável

O CEO e cofundador da loja MUMO, Rodrigo Tozzi, afirma que sua loja procura se adequar a esse novo cenário. “Buscamos contribuir com a diminuição do impacto da indústria da moda em toda sua cadeia produtiva, desde materiais, mão de obra justa, operações e doações de parte do faturamento para ONG, por exemplo”.

 

Tecido biodegradável, feita em Viscose ( produzido com fibras de celulose e se assemelha com o algodão)/ Créditos da foto: Site MUMO

 

No site online, para cada peça de roupa vendida, é doado o valor de R$ 5,00 para a Associação Mata Ciliar (AMC), que são convertidos em refeições para aves silvestres em reabilitação. Além disso, utilizam matérias primas ecológicas como o algodão orgânico na confecção do vestuário.

 

+ Balanço Socioambiental 2018 | MUMO

 

Outra loja que pratica esse conceito é a Narooma. O CEO da empresa, Thomás Benite, explica que a marca nasceu em volta de três pilares: matéria prima, produção ética e a questão da circularidade, pensando em como utilizar esses conceitos em uma produção mais sustentável  por meio do descarte apropriado de produtos e utilização de material reutilizado.

 

Composta de 56% Modal, 40% Poliéster e 4% Elastano/ Créditos da foto: Loja Narooma

 

A Narooma utiliza a logística e o ciclo N, em que proporcionam aos clientes a possibilidade de enviar roupas usadas dentro de uma caixa da loja, para que eles possam reciclar ou doar para ONGs e empresas de reciclagem com o intuito de dar um novo uso ao material.

 

Aplicativos

Existem aplicativos, como o Enjoie, que promovem o tema de moda sustentável com o intuito de estimular a trocar uma peça de roupa por outra ou de vende-la, propiciando uma diminuição no consumo desenfreado de roupas. Além disso, há o aplicativo Moda Livre que avalia marcas de roupa que estejam envolvidas em caso de trabalho escravo.

 

Documentários

A jornalista e pós graduada em comunicação e produção de moda, Ana Paula Porto, recomenda dois documentário que tratam sobre a moda sustentável para quem tiver interesse em se aprofundar no assunto:

  1. The True Cost – documentário francês, lançado em 2015, que conta sobre a exploração de mão de obra barata na indústria têxtil e revelam as mazelas sociais, em que esses trabalhadores se encontram. O documentário relata um acidente, ocorrido em 2013, na cidade de Dhaka, capital de Bangladesh, onde ocorreu o desabamento do Rana Plaza, uma fábrica de roupas.

 

+ THE TRUE COST trailer (legendas em português)

 

  1. RiverBlue – lançado em 2016, o documentário mostra o impacto causado nos rios devido ao tingimento de tecidos jeans, principalmente, nos países asiáticos.

 

+ Trailer for RiverBlue

 

Revisão: Angelo Sastre e Camila Gabrielle

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