Em João Pessoa, a economia criativa e a economia solidária andam de mãos dadas no projeto Cozinha Verde.
Encontrar um nicho de mercado para abrir um negócio nem sempre é tarefa fácil, mas com uma série de incentivos e orientações à disposição, cada vez mais microempreendedores vêm se arriscando em nichos de mercado pouco explorados, entrando no setor da chamada economia criativa. Utilizar o conhecimento e a criatividade para produzir bens tangíveis ou intangíveis, e fazer disso uma fonte de renda é a principal característica deste setor econômico.
“Com a economia criativa valorizamos a cultura, o conhecimento e a criatividade, que são considerados os recursos infinitos e elásticos do século 21”, afirmou a gestora do Sebrae Paraíba, Regina Amorim. Segundo ela, a economia criativa e a produção associada ao turismo fazem parte da metodologia utilizada pelo Sebrae para formatar produtos turísticos inovadores e agregar valor à oferta turística da Paraíba.
“A economia criativa gera oportunidades para as empresas inovarem, agregando valor aos produtos e serviços e utilizando a cultura como seu diferencial competitivo. O conhecimento repassado aos empreendedores pelo Sebrae, através da consultoria ACG, faz com que eles trabalhem com ideias criativas permitindo que produtos e serviços comuns se tornem fontes de negócios lucrativos e com alto grau de satisfação para os turistas”, avaliou Regina Amorim.
Em João Pessoa, a economia criativa e a economia solidária andam de mãos dadas no projeto Cozinha Verde. Instalado na Associação Coletiva de Mandacaru, o projeto que já existe há três anos reúne nove mulheres que fabricam salgados, bolos e doces feitos a partir de produtos orgânicos.
Além das cozinheiras, o projeto também gera renda para os agricultores que fornecem os alimentos orgânicos, e até para o grupo de reciclagem do bairro, que coleta o óleo utilizado na cozinha para transformar em sabão.
Os salgados, que são produzidos em tamanho normal para lanche ou em miniatura para festas, também são nutricionalmente enriquecidos. “Utilizamos um caldo de legumes orgânicos para a preparação dos salgados, o que os torna mais nutritivos”, explicou Liliane Fell, culinarista e coordenadora do projeto. Ela disse ainda, que a massa de alguns salgados recebe adição de sementes de abóbora.
O enriquecimento também é feito nos bolos. O bolo Prestígio, por exemplo, recebe adição de fibra de trigo e fibra de arroz castanho, além de ser preparado com coco orgânico. A culinária desenvolvida na Cozinha Verde atrai clientes que se preocupam em manter uma alimentação mais natural e saudável. “Boa parte dos nossos consumidores está na feira”, disse Liliane Fell, referindo-se à feira de produtos orgânicos onde ela compra ingredientes para as receitas.
Pessoas com restrições alimentares, como intolerância à lactose, também se interessam pelo produto. “Não usamos leite em nada”, afirmou Liliane Fell. Segundo ela, os vegetarianos também podem se beneficiar das receitas, já que as mulheres também produzem salgadinhos de soja. “Mas só os menos radicais, porque ainda usamos ovo”, esclareceu.
A criação de uma linha sem glúten está nos planos da culinarista, que explicou que o único produto livre da substância que as cozinheiras fazem hoje em dia é o bolo de batata-doce. Liliane contou que planeja instalar cozinhas verdes em outros bairros da capital, como também em assentamentos de áreas rurais.
Fonte: BÁRBARA WANDERLEY, Jornal da Paraíba