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Economia Criativa como uma alternativa para o Desenvolvimento Sustentável

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“O maior desafio que temos no momento é a sustentabilidade”. Confira a entrevista com Lala Deheinzelin

Por Camila Gabrielle e Matheus Rodrigo

A Economia Criativa vive no Brasil um momento de transição. A popularidade do campo tem crescido e atingido os mais diversos setores da sociedade. A área tem tido forte conexão com a produção cultural e hoje é vista como uma forma de inovar na hora de escolher uma profissão e de se obter renda.

Apesar da evolução, a Economia Criativa está gerando altas expectativas entre os pesquisadores do campo e espera-se ainda mais para o futuro. A inclusão do setor criativo de maneira mais assídua nas políticas públicas do Estado são vistas como uma opção ideal para a evolução da área.

Lala Deheinzelin é futurista e uma amante da Economia Criativa voltada para o desenvolvimento e sustentabilidade. Ela explica o cenário atual no Brasil, algumas de suas expectativas e interesses.

 

Em que momento você começou a ter interesse por Economia criativa ?

Desde muito pequena, achei que podia resolver problemas. Todo problema era meu. Sempre achei que era possível melhorarmos o mundo. Eu estudei biologia e história e  veio uma visão sintética de que a semente de tudo é a cultura. Ela não é fruto da sociedade e sim,mãe. Trabalhei em corporações para entender o que era isto. O trabalho com governos locais- desenvolvimento local- e instituições de fomento me revelou que não somos capazes de enxergar nossos recursos. Esse é o meu trabalho, enxergar os nossos recursos (não apenas financeiros).

Quando eu trabalhei com a ONU, tive a sorte de fazer parte de uma agência que integrava outras agências dentro do tema da Economia Criativa e todo este trajeto foi consolidando a percepção que a gente não vai conseguir mudar nada tendo uma parte só da história.

Foi ali notei que a Economia Criativa é uma chave de desenvolvimento, porque é uma economia que se baseia em recursos que não se esgotam, como valores, criatividade, conhecimento através de processos colaborativos em rede.

 

Atualmente, qual sua pesquisa relacionada a esta área ?

Fluxonomia 4D. Eu passei os últimos dois anos organizando essas ferramentas que eu fui construindo ao longo dessa caminhada diversa. O objetivo da fluxonomia é preparar as pessoas que vão ser os facilitadores  (dentro de governos ,empresas, instituições), oferecer a esses profissionais o processo de uso de conhecimentos e transformar essa bagagem em informação para a comunidade ter o poder de usá-los.

Conhecimento é a combinação do estudo do futuro e das quatro novas economias: Criativa, compartilhada, colaborativa e das multimoedas 4D- visão de que riqueza e resultado não são apenas “moedas”, mas além disso, são recursos e resultados ambientais, financeiros,entre outros.

Dentro da lógica do campo da Fluxonomia, tudo é fluxo e quando você observa as coisas com essa visão, fica mais fácil de entender a origem dessa visão sistêmica e integrada.

 

Qual a importância social do desenvolvimento de projetos voltados para a economia criativa?

O maior desafio que temos no momento é a sustentabilidade. Atualmente, ainda parece possível ser insustentável. Sustentabilidade parece um adjetivo. Mas é bem provável que isso mude para que a área se torne a base de qualquer área de atuação na vida (atuação, negócios, gestão pública).

Uma questão levantada é como é possível alcançar a sustentabilidade se a economia atual é baseada em recursos materiais tangíveis e finitos?É nesse ponto que entra a estratégia da economia criativa, que trabalha com recursos intangíveis, como cultura, conhecimento, experiência. Os recursos intangíveis se multiplicam com o uso e só conseguiremos chegar a Sustentabilidade se usarmos a Economia Criativa. Ela gera riquezas a partir de recursos que não se esgotam . Temos infraestrutura mas falta a inteligência por trás.

O futuro econômico do Brasil depende do humano. Existe uma variedade de oportunidades, sobretudo quando conhecemos e levamos em consideração as novas economias, mas isso depende das pessoas, das nossas escolhas, da disponibilidade. Basta encarar isso como uma nova tecnologia que está fértil.

 

Qual o cenário da Economia Criativa no Brasil?

Não há um movimento de Economia Criativa e a área não é prioridade. Ainda não se percebeu que a economia criativa é o caminho para se desenvolver o país assim foi no Reino Unido. No país,uma decisão do Estado e todos os outros setores começou a evolução. O campo também é  prioridade na China que é a maior exportadora de IC do mundo.

No Brasil,o setor criativo parecia que ia avançar em 2008 com o lançamento de estudos sobre o impacto do campo na economia do país. A cadeia da indústria criativa no Brasil publicado pela FIRJAN é um exemplo, mas acabou não se desenvolvendo por brigas internas no governo, por não haver uma integração entre federal, municipal e federal e por ter falta de continuidade política do plano.

É preciso mudar as normas, a estrutura, assim como também é preciso mudar todo arcabouço jurídico e tributário para uma evolução do setor criativo. Enquanto a gente não mudar a estrutura, não adianta mudar o conceito. 

Revisão de texto: João Guilherme D’Arcadia

 

Acompanhe uma entrevista de Lala ao programa Mercado Ético com a apresentadora Christina Carvalho Pinto:

Crédito: Reprodução

 

 

 

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