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De fone: Indústria musical expõe debate sobre criatividade

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Estudo revela que a música é importante componente do dia a dia dos brasileiros. Entretanto para produtor, área pode oferecer mais segurança para criadores

Um acorde tocado em meio ao silêncio sonoro. O fone de ouvido pulsa e a música preenche a mente em uma mistura subjetiva de sentimentos, imaginações e sensações. O ouvinte sorri, satisfeito com o contato artístico, afinal, a música lhe é imprescindível. A descrição lhe é semelhante?  Não é à toa. Afinal de acordo com o estudo “All About Music”, a música é presença constante na rotina dos Brasileiros.

Segundo a pesquisa de 2017 realizada pelo Instituto de Pesquisa Catapani Associados em conjunto com o site de música Vagalume, mais de 25%  da população costuma ouvir 4 horas ou mais de música diariamente.

Os momentos são diversos, 64% ouvem música enquanto estão se locomovendo, 43% durante os estudos, 32% no trabalho e 25% enquanto jogam videogames. Como muitos deles, ouvem músicas em mais de um cenário,os valores não totalizam 100%.

O estudo também fez um apontamento sobre as principais plataformas em que se consome a mídia e salientou que a tecnologia tem tido papel vital nessa equação, 83% dos brasileiros escutam música pelo celular e 76% pelo computador. Por fim,  a pesquisa ainda salienta que o consumo é diferente entre os dois sexos: Homens escutam, em média, seis horas de música por dia, enquanto as mulheres, sete.

Entre acordes e ritmos, a criatividade na música

Além de se discutir sobre o consumo dos brasileiros de músicas, é necessário se discutir sobre a criatividade na área e sobre as pessoas que de fones de ouvido na cabeça, instrumento posicionado, ideia na mente, dão abertura para ideias e produções inventivas se materializarem.

Mais do que um fenômeno cultural, carregado de significados, crenças e valores, a música também representa um mercado mundialmente consolidado. Ao menos é o que afirmam Italan Carneiro e Luis Queiroz no artigo “A música como segmento da economia criativa: reflexões necessárias”. Para a dupla de pesquisadores, a música representaria “uma indústria dinâmica do comércio mundial e um grande negócio da economia mundial, responsável por milhões de empregos e geração de renda em todo o mundo”.

Ainda não pertencente ao mercado musical formal, Guilherme Baldo, estudante de Design Gráfico na Unesp- Bauru, aponta contradições na indústria da música. Visto como uma área criativa, a música muitas vezes não oferece segurança e maneiras de se sustentar apenas com o exercício da profissão. “É muito difícil se dedicar de corpo e alma à música quando é necessário dar tempo a outras atividades para ser remunerado”, salienta o estudante.

Até mesmo os meios de produção independente, vistos como saídas razoáveis para os artistas que desejam uma maior liberdade em criar, não são unânimes e também guardam contrapontos. “Os bons instrumentos, equipamentos e softwares são extremamente caros, algo que a produção independente não é capaz de bancar, perdendo em qualidade”, pondera Guilherme.

Filho de DJ, teve um envolvimento precoce com a música, recebendo o primeiro instrumento com apenas 10 anos de idade.  Atualmente com 24 anos, tem uma relação de comprometimento com a música, tendo o objetivo de se  profissionalizar na área. “ A música se tornou um compromisso além de um sonho. Busco estudar todos os dias e tento aprender tanto aspectos teóricos como técnicos da música; procuro sempre me capacitar no uso de softwares e na parte de engenharia de áudio”, conta.

Guilherme acredita que a capacitação o auxilia a ter maior controle sobre sua criatividade e salienta que existem diversos fatores que devem ser considerados para se ter um bom produto em mãos: Acordes, escalas, progressões, harmônicas, ritmos. “A criatividade se dá em como o artista combina as ferramentas que possui, a seu favor e também em como ele faz para que o conceito que deseja passar com a arte seja absorvido pelo ouvinte”, afirma o estudante.

Entretanto, apesar da dedicação, da paixão e da criatividade que tanto gosta na música, Guilherme pontua que o mercado musical pode ser mais democrático e ainda tem no que melhorar.” O meio é complicado. Não existem muitas formas de se ganhar dinheiro fazendo música e as que existem normalmente são restritas e de difícil acesso. A pessoa tem que batalhar pra conseguir sucesso”, conclui.

 

Serviço: Para os interessados pela pesquisa “All About Music” realizada pelo site Vagalume em conjunto com o Instituto Catapani,  o resultado se encontra no blog do site.

Já o artigo “A música como segmento da economia criativa: reflexões necessárias”  escrito pelos pesquisadores Italan Carneiro, Luis Ricardo Silva Queiroz, pode ser encontrado no site Amplicar que reúne produções acadêmicas sobre música.

 

Revisão: André Luis Lourenço

 

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